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Malala Yousafzai |
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Isadora Faber |
Este ano fomos brindados com dois
grandes exemplos de coragem. O primeiro caso veio da garota Malala Yousafzai, a
paquistanesa de 15 anos que luta desde os 11 para poder frequentar a escola. A
batalha de Malala ganhou o mundo após a rede de TV BBC fazer um documentário
sobre a coragem da garota em enfrentar o temido Talibã para poder frequentar as
aulas, já que lá o ensino para mulheres não era recomendado e as poucas escolas
que ainda as recebiam foram destruídas após o domínio da facção. Mas ela não
desistiu de sua vontade de se tornar médica. Seguia frequentando a única escola
que resistiu ao terrível regime mesmo com o uniforme sob a pesada roupa que as
mulheres são obrigadas a usar por lá, justamente para não ser seguida pelas
violentas ruas da cidade. A BBC descobriu sua luta e propôs a ela que escrevesse
um blog, que logo se tornou sucesso. Isso bastou para que o Talibã descobrisse
e passasse a ameaçar sua família. Em 2009 o Talibã conseguiu fechar a escola e
a família de Malala precisou se mudar do local. Em 2011, quando retornaram,
Malala recebeu do primeiro-ministro afegão o prêmio nacional da paz, por sua
coragem em incentivar outras garotas a frequentar a escola. Porém, agora em
2012, Malala sofreu um atentado: um homem entrou no ônibus onde ela viajava com
outras estudantes e deu dois tiros na menina. Um no pescoço e o outro na
cabeça. Os tiros eram pra ela. O Talibã imediatamente assumiu a autoria do
atentado. Malala agora se recupera em um
hospital especializado na Grã-Bretanha e, segundo a imprensa internacional, não
pretende desistir de seu sonho de se tornar médica.
Outro exemplo de coragem veio recentemente
do Sul do Brasil, mas especificamente de Florianópolis. Pode-se dizer que a
garota Isadora Faber, de 13 anos, hoje é uma das blogueiras mais famosas do
país. Tudo isso por conta de sua página no Facebook em que ela relata as falhas
estruturais e de ensino da escola em que estuda. Isadora criticou, por exemplo,
a falta de pintura da quadra de esportes e a demora do profissional contratado
em fazer o serviço, só para citar a polêmica mais recente. Ela já criticou
também a qualidade das aulas e a postura de professores da escola. Tudo isso
fez com que a pequena Isadora começasse a ser ameaçada e perseguida dentro e
fora da escola, chegando ao cúmulo, na semana passada, de apedrejarem sua casa
e acertarem sua avó, uma senhora com problemas neurológicos. Segundo matéria do Fantástico deste
domingo (11), o blog, que já foi exaltado por falar as coisas “sem meias
palavras”, hoje é contestado por “ser ácido demais, conter apenas críticas e
ser imprevisível, ou seja, não se sabe quem será o próximo alvo”... Porém, de acordo com imagens da reportagem,
as críticas procedem, sim. A quadra está uma vergonha, impossível de ser
utilizada. As outras críticas, ao que parece, também têm fundamento. Isadora
disse à reportagem do Fantástico que, mesmo com os últimos acontecimentos
(apedrejaram sua casa e agrediram sua avó), ela não vai parar de denunciar os
desmandos da escola. Seus pais estão com ela, dando todo o apoio e incentivando
a filha que luta por melhorias na escola em que estuda.
Eu particularmente fico muito feliz com
essas duas grandes jovens mulheres. São praticamente crianças que já sabem o
que querem e lutam por um ideal. São corajosas, muito mais que qualquer adulto,
e não medem esforços para conseguir melhorar a sua vida e a vida de toda uma
comunidade. São mulheres com pouca idade, mas que nasceram grandiosas e com uma
linda missão: fazer a diferença em sua comunidade. A coragem dessas meninas
impressiona e deveria servir de exemplo e de reflexão, afinal, o que você, do
alto de seu cargo, com toda uma vida já vivida, com toda uma bagagem de
vivências e experiências, fez e faz por sua comunidade? Qual a sua contribuição
para melhorar a vida das pessoas que te cerca? Que legado você deixará para as
próximas gerações? Que exemplo você está dando para a sociedade?
Essas são algumas reflexões que precisam
se feitas diante do grande exemplo dessas duas pequenas grandes cidadãs.