quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Covardia



São 7 os pecados capitais, mas acho que poderiam ser 8. Neles poderiam se incluir a covardia.

Tem uma música, acho que da Rita Lee, que diz assim: “ ... Meu peito  não é de silicone, sou mais macho que muito homem...”, e me encaixo perfeitamente nesta canção. Não sou mulher de depender de qualquer pessoa, muito menos de homem. Não desmereço quem o faça, mas não sou desse modelo. Simples assim.

Quando falo de coragem falo mais do que necessariamente matar baratas, abrir potes de azeitona ou bater em pessoas. Isso não define homem.

Falo da coragem de assumir desafios, de enfrentar situações, de encarar a vida. E nisso sou muito forte e admiro quem o seja.

Na segunda-feira (22), foi votada na Câmara a denúncia que pedia a investigação sobre o fato do vereador Rodrigo da Silva (PDT), ter agredido minha irmã, Rejane de Carlos Caputo, na inauguração da Creche do Jardim Alvorada. Estive lá e posso me pronunciar sobre o tema.

A creche estava linda, bem feita e as crianças felizes. Houve apresentação de dança, discursos e todos os itens que não podem faltar em uma inauguração de um prédio público. Tudo perfeito até que o atual vereador (digo atual pois ele atualmente ocupa esta função, não nasceu com ela), resolveu usar de todo o poder que ele achava que lhe pertencia. Disse impropérios, fez ameaças e, não contente, começou a empurrar minha irmã, dizendo que “se quisesse, não sobraria nada dela para contar a história”, que ele “só estava começando.”

Minha irmã, na função de jornalista que foi cobrir o evento, sentiu todo o peso do poder mau dado a quem não merece e não sabe usar. Foi sub-julgada, humilhada e agredida moral e fisicamente, até que dois vereadores, Carlinhos Pica-Pau e Tota, além do diretor de Saúde, Fernando Piffer, tiraram Rodrigo (dito Mestre) de perto da minha irmã e impediram o pior.

Muitas coisas poderiam ter acontecido. A ameaça se consumar, tudo virar em nada. Só o tempo diria.
Minha irmã fez Boletim de Ocorrência contra o Rodrigo e foi orientada a procurar ajuda. Assim foi feito e ela foi medicada.

Orientada pela Polícia, ela entrou com processo civil e na própria Câmara contra o vereador, que a agrediu no exercício de sua função de vereador (foi anunciado no evento como tal). A denúncia foi lida na segunda-feira (22), e o desfecho dela dá nome a este post.

Apenas dois vereadores tiveram a coragem de votar favoráveis a esta denúncia: Sebastiana Camargo e Nelson Sanches. Pica-Pau e Tota, por serem testemunhas do processo que corre no Fórum, se abstiveram. O restante votou contra. Não estive presente mas acompanhei pela internet pelo site da Câmara, e posso dizer que “encheram a boca” para dizer “NÃO”, com todas as letras.

O que pesou na decisão? Que é válido agredir mulheres? Que por ela ser dona de um jornal que destaca os erros dos vereadores (quando erram), merece esse tratamento? Que ela fez por merecer por sua atitude crítica (como disse uma “pessoa” no Facebook), e não por ser submissa como deveria ser? Isso só a consciência de cada um dirá.

O que não podemos é permitir que um vereador, na função para a qual foi eleito, abuse de seu “poder” e faça o que bem quer de quem quer que seja. No fato, pouco importa na verdade se a pessoa agredida era mulher, homem, gay, negro ou qualquer um. O que importa mesmo é a agressão em si. Mas isso, mais uma vez, ficou para a Justiça julgar, como alguns justificaram seus votos contrários. Disseram que a Justiça ainda está investigando e que eles, quem seriam eles, para dar o veredicto antes da Justiça.

Só resta saber se terão a mesma postura que tiveram com o prefeito que, mesmo após o pronunciamento do Ministério Público e da Polícia, foi poupado de uma Comissão Processante pela Câmara. Pela Câmara não, por alguns, pois teve gente descente que honrou os votos que recebeu da população.

Isso só o tempo dirá.

PS1: Quem votou a favor da abertura da denúncia contra o vereador Rodrigo da Silva explicou seus motivos dizendo que, com a abertura do processo, ele teria mais chance de provar que era inocente e encerrar a conversa. Concordo. E quem votou contra a abertura só mostrou que, na verdade, é a favor da violência gratuita contra quem quer que seja.

PS2: Faltou coragem também de se erguer e votar contra um projeto polêmico, o de dar o título de Cidadão Bebedourense ao Pastor Samuel Ferreira, que aparece em vídeos no Youtube em situações no mínimo duvidosas. Preferiram sair do plenário do que se dizer contra. Faltou coragem e sobrou o “8º pecado capital”, a covardia. Preferiram não enfrentar os evangélicos (poderosos em votos) presentes. 

4 comentários:

  1. Parabéns!
    Realmente a covardia é a única coisa que sobra para esses palhaços. No palanque prometem resolver todos os problemas do mundo e como se fossem imortais, não tem medo de nada nem de ninguém...(nem da justiça). Depois que já estão com a bunda na cadeira, todos se omitem, fingem não ser nada com eles, bando de ratos, covardes e oportunistas.
    Isso acontece porque a população não vigia seus políticos. Somente a população poderá evitar a canalhice e a robalheira.
    Será que os caros leitores tem consciência de que os políticos são empregados da população? Não?
    No Brasil o sujeito vira prefeito ou vereador e passa a perguntar na nossa cara: "você sabe com quem esta falando? Sou vereador!" É isso aí!
    E isso é comum nos 5700 municípios do pais. E a maioria deles são cabides de emprego onde quase todos são caixas pretas em que ratazanas roem a nação.
    Aqui, o sujeito ganha carteirinha de vereador e começa a ver o mundo de cima.
    O governo esta loteado de idiotas e ladroes. São os pracinhas da covardia e da corrupção.

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  2. Parabéns!
    É uma época estranha esta que vivemos.
    Damos um passo para frente e dois para trás.
    Bebedouro é a ilustração perfeita disso.

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  3. Obrigada!
    Concordo com o que vc disse: Hj em dia tudo é muito estranho, e em Bebedouro as coisas parecem ser um pouco piores... Andando para trás, vamos ver onde essa cidade vai chegar...

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