sexta-feira, 30 de março de 2012

Demóstenes e o fim do DEM



Não posso dizer que tenho um partido de que gosto mais ou gosto menos. Acho que em todos eles (mesmo o que tem mais pessoas envolvidas em escândalos), tem pessoas boas e ruins. Eu, uma eterna “romântica política”, ainda acredito nas pessoas e que elas podem mudar a realidade de sua comunidade, seja ela quarteirão, bairro, cidade, região, estado ou país. Eu confio nas pessoas, e quem me conhece sabe disso. Confio plenamente até que me prove o contrário, ou caso eu sinta alguma coisa que o “santo não bate”.

Digo isso porque é com extremo pesar que vejo as denúncias contra o senador Demóstenes Torres, do DEM. Nos últimos escândalos do governo, no mensalão do PT, nos casos de favorecimento, em diversas outras situações, Demóstenes sempre foi, para mim, uma voz consciente no senado. Ele sempre participou de comissões de ética, sempre defendeu bandeiras da moralidade e da democracia, sempre foi uma voz de oposição muito importante, num momento em que vivemos já quase uma década do governo petista.

É triste ver que, a cada minuto, os sites mostram mais e mais denúncias contra o senador. Denúncias que vão desde o favorecimento de um bicheiro preso, de estreitar relações do bicheiro com outros deputados visando aprovação de leis favoráveis, tráfico de influência. Fico pensando: onde isso vai parar?

Não estou aqui defendendo ninguém, muito pelo contrário: acho que quem deve merece ser punido. É muita palhaçada o que fazem com o povo, esse pobre mortal, que depende dos serviços do governos, paga cada vez mais impostos e vê os serviços oferecidos piorar.

Vejo essas denúncias todas com alegria (claro, mais um corrupto que é descoberto – se vai ser julgado e pagará por seus danos, isso é outra história), mas vejo também com certa tristeza. Ele, Demóstenes, era como se fosse um pilar da ética. Mais uma boa história que sucumbe à ambição.

Entrando num mérito que tratei em um grupo de discussão de política que participo no Facebook, acho que agora é jogada a última pá de cal sobre um partido que perdeu a referência. O DEM ficou perdido, semi-morto, depois da criação do PSD do fraco Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo. Achava que, no final das eleições municipais, os “últimos moicanos” do já convalescente DEM migrariam para o PSD ou outro que lhe agradem, mas vejo, a cada dia, que dificilmente o DEM sobreviverá até as eleições. Rachou. Perdeu a referência, perdeu a identidade, perdeu o sentido. Nem mesmo eles se entendem mais.

*Agora, às 21h, hora que liguei o computador depois de ver uma longa matéria no Jornal Nacional sobre o ocaso do senador Demóstenes, o site Uol dá, como notícia principal, que um empreiteiro diz ter repassado verba desviada ao presidente do DEM, Agripino Maia. Acho, realmente, que o DEM acabou. Se ainda restar um pingo de decência em quem julga esses casos, acho que realmente é o fim. 



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