sexta-feira, 23 de março de 2012

Palmirinha e suas lições de vida



A Palmirinha é uma daquelas personagens de TV que a gente costuma adorar. Espontânea, ela diz o que pensa sem se preocupar com o que  vão pensar, afinal, ela é uma senhora de mais de 80 anos.

A querida Palmirinha deu um entrevista à Marília Gabriela, e mostrou muito mais que isso. Ela, em um libro lançado recentemente, contou um pouco de sua triste história, mas sem perder a ternura e a ingenuidade que deixou como marca registrada pelos canais por que passou.

Contou que foi filha de mãe portuguesa e pai baiano, e que nasceu muito parecida com a mãe. A mãe, portuguesa reservada que veio para o Brasil por causa da guerra, não admitia os carinhos do marido baiano (todo baiano é acostumado a mostrar sua paixão sem muitos pudores), e sua semelhança com a mãe começou a lhe causar problemas. Os carinhos, como andar de mãos dadas e receber todos os mimos do pai), causou ciúmes à mãe que, para descontar toda a raiva que sentia, judiava da pobre sem dó nem piedade.

Para impedir que o martírio continuasse, o zeloso pai mandou sua filha para São Paulo (eles moravam no interior), para ser dama de companhia de uma senhora francesa. Esta senhora se propôs a pagar um salário para sua nova “dama”, depositado numa poupança que só poderia ser mexia quando a “dama” completasse 18 anos. Ela tinha apenas 7 quando saiu de sua cidade.

Assim foi feito, e Palmirinha foi para São Paulo. Achou que ela estava livre da mãe opressora? Não.  

Quando seu pai faleceu, quando ela tinha entre 16 e 17 anos, sua mãe a procurou em São Paulo para conseguir o dinheiro que a francesa tinha depositado como pagamento. Como a francesa não deixou (afinal ela tinha que ter 18 anos), a mãe foi embora e conseguiu que a francesa despenssasse Palmirinha do serviço, pois não poderia ficar com uma moça que lhe causasse problemas.

Palmirinha voltou para casa e começou a trabalhar nas Lojas Americanas. Chegava em casa depois das 22h e já ia dormir, pois pegava cedo no batente. Uma bela noite, cansada do trabalho e de cuidar da mãe já doente, chegou doida para tomar um banho e logo foi se despindo. Ao avistar sua cama, percebeu que havia nela um sujeito, dono de fazendas da região, a esperando. Começou a gritar de desespero até que sua tia, que morava parede-meio com a casa, viu, pelas frestas da parede de madeira, o desespero da sobrinha e logo tratou de intervir. A mãe de Palmirinha, mesmo doente, a vendeu para um fazendeiro rico a região por 5 mil contos de reis da época.

Salva da emboscada, ainda conseguiu forças para cuidar da mãe doente, e assim foi feito até a mãe morrer.
Palmirinha então resolveu se casar (com o marido que a família havia escolhido), e logo viu que seu martírio continuava: logo após a festa, quando chegavam na casa nova, Palmirinha viu as três amantes do marido à espera deles, no portão. Isso apenas era só o começo.

Palmirinha sofreu por longos anos com um marido dependente de álcool, até que suas filhas se casassem. Antes disso, Palmirinha passou por maus bocados para criar as filhas: ela tinha mais de 5 trabalhos durante o dia e, muitas vezes, não tinha como deixar comida para as crianças. Ela saía de casa cedo muitas vezes deixando apenas um café com leite. Quando chegava no meio do dia, ela ia tomar um lanche com uma amiga que tinha uma história parecida com a dela, e muitas vezes o lanche nem “descia direito”, pois lembrava que as filhas não tinham o que comer enquanto ela comia um lindo lanche. Coisas de mãe!

Palmirinha começou sua vida na culinária através de um problema que passou em casa. As filhas (cada uma estudando num período), revezavam o uniforme, já que não tinha dinheiro para comprar 3. Mas as vezes chovia e não dava para secar, e a diretora proibiu a entrada sem uniforme. Sem dinheiro, epdiu emprrestado para uma comadre, que disse que se ela não pagasse até o final do mês cobraria juros. Ela, em meio a essa confusão, se lembrou de sua mãe, que fazia um bom pão de casa. Adaptou a receita para sonho, são sabia fazer o recheio mãs comprou uma caixinha de massa pronta, fez a massa e saiu vendendo, deixando uma  formada pré-pronta em casa. Em menos de 10 minutos ela conseguiu vender tudo e logo voltou para buscar a outra, e pagou sua comadre ainda no final do dia.

Palmirinha terminou sua entrevista dizendo que espera, agora, ser respeitada na televisão, e que cuidou de sua mãe e de seu ex-marido sem ressentimentos e sem mágoas. Disse ter um sonho (que está prestes a se realizar), de ensinar as mulheres a cozinhas de forma consciente e sem desperdícios.

Ela, com mais de 80 anos, não parou de sonhar! E nós, hoje, o que fazemos por nossos  sonhos?

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